Festa da Colheita do Arroz: Resistência e Esperança
Celebramos a colheita recorde de arroz agroecológico no MST, símbolo de resistência e esperança após as enchentes de 2024. Saiba mais sobre essa vitória!
Este ano, a Festa da Colheita do Arroz Agroecológico do MST teve um significado especial para mim e para todos nós que fazemos parte desse movimento. Depois das enchentes devastadoras de 2024, que deixaram lavouras submersas no Rio Grande do Sul, conseguimos não apenas nos reerguer, mas também celebrar uma produção recorde de 14.000 toneladas de arroz agroecológico. Semeamos essa safra em 2.800 hectares de assentamentos na região metropolitana de Porto Alegre, fruto de muito esforço e dedicação, sempre guiados pelos princípios de respeito à natureza e produção de alimentos saudáveis.
O Significado da Colheita de 2025
Lara Rodrigues, da Direção Nacional do MST no Rio Grande do Sul, expressou bem o sentimento que compartilhamos: “Essa colheita reafirma que estamos no caminho certo. O caminho da agroecologia, da organização popular e da produção de alimentos saudáveis. Ainda há muito a ser feito, mas essa safra prova que a reforma agrária popular é a solução para a crise ambiental.”
Essa conquista só foi possível graças à força e à organização do nosso movimento. Mesmo diante das incertezas no início do plantio, em setembro de 2024, e da falta de estrutura, conseguimos produzir toda a área certificada do arroz. Nelson Krupinski, presidente da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região Metropolitana de Porto Alegre (COTAP), lembrou das dificuldades enfrentadas: “Sem sistemas de irrigação prontos, tivemos que improvisar e trabalhar com mecanização limitada, mas o esforço coletivo fez a diferença.”
Uma Celebração de Luta e Conquista
No dia 20 de março de 2025, cerca de 5.000 pessoas se reuniram no assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, para celebrar essa vitória. A festa começou com a abertura oficial da colheita na lavoura e seguiu com um grande ato político, apresentações musicais e a feira da reforma agrária popular.
Entre as lideranças presentes, a secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Fernanda Machiavelli, destacou a importância da produção agroecológica e do apoio governamental ao MST. Segundo ela, o governo Lula está comprometido com a reconstrução das políticas públicas para a reforma agrária, com um orçamento de R$ 2 bilhões para o INCRA, garantindo recursos para obtenção de terras e crédito para os assentados. “Nossa responsabilidade é do tamanho dos sonhos dos agricultores e agricultoras. Não vamos descansar enquanto houver uma família sem terra para produzir”, afirmou.
Alimentos Saudáveis e Economia Solidária
Durante a celebração, mais de 50 bancas comercializaram produtos de cooperativas e agroindústrias de diversos assentamentos do estado. Um dos destaques foi o projeto “Plantas para a Vida”, do assentamento Rondinha Tarumã, em Jóia, que há mais de 25 anos cultiva ervas medicinais sem uso de insumos químicos. Sérgio dos Reis Marques, conhecido como Chocolate, compartilhou sua alegria: “Aqui produzimos fitoterápicos para diversos tratamentos, tudo natural e sem veneno. Isso é saúde e resistência.”
Outro ponto alto do evento foram as cozinhas solidárias apoiadas pelo MST no Rio Grande do Sul. Com a venda de alimentos como pães e bolos, conseguimos arrecadar fundos para manter nosso trabalho, garantindo gás e insumos para continuar servindo quem mais precisa. Letícia Fagundes, da cozinha comunitária de Bom Jesus, destacou: “Estamos aqui mostrando que, mesmo diante das dificuldades, seguimos firmes. Nossa luta é pela vida e pela dignidade.”
Conclusão: Um Futuro de Esperança
A Festa da Colheita do Arroz Agroecológico do MST deste ano foi mais do que um evento, foi um símbolo da nossa capacidade de resistir e prosperar. Em cada grão de arroz colhido, há o suor e a determinação de um povo que acredita na agroecologia como caminho para um mundo mais justo e sustentável. Seguimos em frente, fortalecidos e com a certeza de que a reforma agrária popular é a chave para a soberania alimentar e a dignidade do povo brasileiro.